domingo, 12 de agosto de 2012

Costumes da Bíblia - A crucificação

Método de tortura e execução humilhante, a crucificação, muito utilizada na Antiguidade, era bem comum em Roma e seus domínios nos tempos bíblicos, assim como em Cartago.
O condenado era obrigado a carregar a pesada barra horizontal da cruz até o local, geralmente público, em que a haste vertical já estava fincada. Em outras versões, como a mais conhecida – a de Jesus –, levava a cruz inteira.
Pregado ou amarrado à cruz, o condenado morria por asfixia após horas. O peso do corpo era geralmente suportado pelos braços, e a cabeça, pendente sobre o peito, dificultava ainda mais a respiração – a musculatura abdominal não era suficiente para mantê-la, devido ao peso que suportava. Em algumas versões, os pés também eram pregados, o que aumentava o tempo de sofrimento e adiava a morte – historiadores contam que, em casos em que o condenado demorava a morrer, os soldados do reino acusador quebravam-lhe as pernas, para que somente os braços recebessem o peso do corpo, ou simplesmente cravavam uma lança ou espada em seu peito.
Muitos acreditam que o método foi criado na Pérsia, levado ao Ocidente na época de Alexandre, o Grande, depois copiado pelos cartagineses e romanos. O horror que a cena despertava era usado como estratégia de intimidação.
O prisioneiro condenado era despojado de suas roupas e flagelado com chicotes, como o azorrague, em cujas várias pontas de couro eram amarrados pedaços de ossos e metal, dilacerando a pele e os músculos das áreas atingidas – como mostrado de forma perturbadoramente realista no filme “A Paixão de Cristo” (2004), de Mel Gibson. Não em raras vezes, o condenado morria ainda na fase dos açoites, nem chegando a ser crucificado.

O sacrifício de Jesus
Quando Jesus foi condenado à crucificação pelos romanos em Jerusalém, a flagelação foi mais severa, já que o objetivo era desacreditá-lo. Ele teve de carregar a cruz inteira, maciça, pela Via Dolorosa, assim denominada por esse motivo. Toda a cidade acompanhava o Messias em sua dificuldade em carregar a enorme peça, de vez em quando açoitado por soldados romanos.
No Gólgota, Cristo foi pregado pelas mãos e pés na cruz, depois erguida e cravada no chão. Como demorava a morrer, uma lança lhe foi cravada por um soldado.
Entre os judeus, também era costume pendurar os condenados a árvores.
Outros crucificados
Jesus é o mais lembrado por sua execução na cruz, mas outros personagens bíblicos e históricos tiveram seu fim do mesmo modo.
O apóstolo Pedro, segundo a tradição, foi crucificado, mas de cabeça para baixo, por não se julgar digno de morrer da mesma forma que seu Mestre. André teria sido punido da mesma forma em uma estrutura de madeira em forma de X, na Grécia. Algumas correntes de teólogos e historiadores defendem que Filipe teve o mesmo fim.
Em 283 antes de Cristo (a.C.), um líder mercenário gaulês a serviço de Cartago, Autarito, líder da Guerra dos Mercenários. Revoltado em relação ao seu contratante, lutou contra as tropas do general cartaginês Amílcar, que o capturou em um desfiladeiro. Foi crucificado com seus aliados Espêndio e Zarza diante das muralhas de Túnis.

Bessus era nobre que se tornou rei da Pérsia por ter matado o monarca anterior, Dario III, para quem trabalhava contra as tropas de Alexandre, o Grande, da Macedônia. Usurpou o trono de Dario e assumiu o nome de Ataxerxes V. Quando Alexandre decidiu conquistar o reino e suas tropas já chegavam bem perto, o próprio povo de Ataxerxes o capturou e entregou ao rei macedônio. Foi crucificado no local em que matou Dario, após ter o nariz e as orelhas cortados.
A maior crucificação noticiada ocorreu em 71 a.C, em Roma. Naquele ano, mais de 200 mil escravos levantaram-se em revolta, chefiados pelo mais célebre deles, Espártaco, o gladiador. Quando o levante foi vencido, os romanos executaram mais de 6 mil revoltosos em um só dia. A história foi contada no cinema no épico “Spartacus” (1960), de Stanley Kubrick , protagonizado por Kirk Douglas.

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