sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A fé de um mito


Para quem não viveu fora do planeta Terra nos últimos 50 anos, o nome de Elvis Presley é referência obrigatória em música. Astro maior do showbiz mundial numa época em que celebridades não eram fabricadas pela mídia, o mítico cantor americano foi um dos principais protagonistas da revolução de costumes que marcou as décadas de 1950 e 60. Elvis, que completaria 70 anos em 2005 – ele morreu em 1977, em condições até hoje insuficientemente esclarecidas –, é uma das mais conhecidas personalidades da história contemporânea. O que nem sempre é dito é que Elvis Aaron Presley era também um evangélico, ao menos por formação. E crente pentecostal, para ser mais exato, já que foi criado pela família na igreja Assembléia de Deus. Ele passou toda a infância e adolescência ouvindo hinos de louvor e aprendendo as Escrituras. Aparentemente paradoxal para alguém que foi tido como ousado, transgressor, rebelde e profano, a fé protestante foi um traço que marcou a vida e a trajetória do ídolo.
Dono de carisma inigualável e voz de timbre inconfundível, Elvis Presley arrebatou milhões de fãs com seu talento fora de série. Arquétipo do jovem transgressor, ele distribuía beijos entre as mocinhas histéricas e seus belos traços físicos lhe valeram a inevitável imagem de símbolo sexual. Extravagante no visual e nos gestos, seus rebolados no palco, que lhe valeram apelido de “Elvis, o Pélvis”, aterrorizaram a conservadora família americana de meados do século passado. Contudo, sua vida pessoal guardava nítida influência da fé que ele nunca escondeu. Em quase todas suas aparições públicas, o artista fazia questão de enfatizar sua confiança em Deus, expressa nas canções religiosas que marcaram os melhores momentos de sua carreira. Esse lado evangélico de Elvis Presley, muito conhecido mas pouco compreendido, é o pano de fundo de Tocou-me – A música gospel de Elvis Presley, DVD duplo que acaba de ser lançado por aqui e mostra o homem religioso por trás do mito.A espiritualidade do rei do rock até hoje é alvo das mais diversas especulações. Seria Elvis um homem genuinamente convertido ao Evangelho? Teria mantido uma vida aos pés de Cristo, apesar de seu envolvimento com as coisas do mundo, como se diz no jargão dos crentes? São perguntas que até hoje, passados 28 anos de sua morte, ninguém consegue responder. O fato inegável é que a experiência evangélica marcou a carreira do rei do rock. Sua discografia registra onze trabalhos de conteúdo exclusivamente sacro, com destaque para os álbuns His hand in mine (“Sua mão sobre mim”), How greath thou art (“Quão grande és tu”) e He touched me (“Tocou-me”). Alguns dos mais famosos hinos do cancioneiro protestante acompanharam Elvis durante toda sua carreira. E que carreira – a indústria que se formou em torno de seu nome não pára de crescer. Especula-se que a venda de seus discos já ultrapassou casa de um bilhão de cópias, feito jamais alcançado por outro artista em toda a história da indústria fonográfica. Segundo a revista americana Forbes, especializada em negócios, Elvis ainda hoje é o artista morto que mais vende discos no mundo.Nascido em 8 de janeiro de 1935 na cidadezinha de Tupelo, Mississipi, sul dos Estados Unidos, Elvis Aaron Presley era filho de um casal de operários muito pobres. Suas primeiras lembranças eram dos cultos que a família freqüentava assiduamente. Tempos difíceis, em que os únicos momentos de enlevo em meio à dura rotina não só para os Presley, mas para toda a aquela comunidade formada de caipiras e negros, eram as celebrações na igreja. Educado na rigidez protestante da época, o pequeno Elvis conheceu a Bíblia e aprendeu todas as canções de cor. O garoto ficava fascinado com os spirituals e blues dos vocais negros. Foi ali que ele arriscou os primeiros acordes no violão e começou a desenvolver sua voz, tentando imitar os coristas. Acabou sendo infinitamente melhor que eles. Elvis Presley teve uma carreira meteórica. Em 1953, com apenas 18 anos, sua genialidade foi descoberta. Naquele ano, ele teve seu primeiro sucesso, That's all right, tocado em todas as rádios dos Estados Unidos. O ritmo musical e o estilo de Elvis eram novidade na época. Foi da fusão de blues, jazz, country e spiritual que nasceu o ritmo que marcaria a segunda metade do século 20: o rock’n’roll. 

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